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FAUSTO Bordalo Dias

É assim o Fausto. Sereno, leal, intransigente em tudo aquilo que considera ser o essencial, tanto na vida como na arte...! É um homem de convicções – políticas, humanas, estéticas – mas nunca quis ser um homem de certezas. Amigo certo e adversário temível, mantém desde sempre uma relação de distância tanto com o poder político como com o poder mediático, e nunca se vergou perante nenhum! “Viriato Teles”

01/07/2024

Morreu, Fausto Bordado Dias!

 




















































































































































































































































































































































































Publicada por MGomes à(s) 18:46 Sem comentários:
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Fausto Bordalo Dias

Fausto é um dos homens que se escusa, pela natureza do seu míster, pelo alcance das canções que cuidadosamente desenha, arquitecta e reveste, a viver sob a ditadura do "obrigatóriamente efémero", variante do "políticamente correcto" que nos assalta dia a dia. Mais: em plena idade do vídeo, do clip, da televisão global, da mensagem publicitária, do slogan rápido e mortífero, das manchetes e dos bytes, da pressa leviana como padrão comportamental, é saudável, é notável ainda quem nos proporcione outro tipo de reflexão e de prazer, capaz de garantir que, muito mais do que as imagens que nos vendem como reais, valem aquelas que nos são sugeridas pela Arte. Ou pelas Artes, se pensarmos bem, que as canções de Fausto são cinemáticas, traduzem encenações rigorosas, ressaltam como fotografias ou como enormes frescos.

João Gobern - Abril de 1999.



Fausto CCB - Épico popular

Fausto pode tudo. Pode querer assinar uma trilogia sobre a epopeia portuguesa por mares nunca dantes navegados, com dezenas de canções e uma mão cheia de horas à espera de serem escutadas. Pode estar anos sem tocar, fugir a entrevistas e a tudo o que é olhar público. Não pensar demasiado em ensaios e, uma vez por outra, falhar uma nota à guitarra ou esquecer um dos seus versos. Dizíamos: pode tudo. Porque o reencontro, como o da noite de sábado, no CCB, diz-nos sempre que lhe devemos conceder o que quer que seja: a demasia será garantidamente generosa.

O palco deu carta branca ao compositor. A resposta ganhou corpo em duas horas de música, na viagem através de documentos fundamentais na história da música portuguesa ("Por Este Rio Acima", de 1982, e "Crónicas da Terra Ardente", de 1994) e na apresentação de novas canções, a incluir num futuro álbum. Em resumo, foi um privilégio em edição especial, com extras sumarentos e bem medidos.

Em desabafo, dizemos junto a audições caseiras “vá-se lá saber porque nos diz tanto esta música”. Ao vivo, tudo parece ficar mais claro: os ritmos, que o próprio Fausto diz serem “nascidos inteiramente da tradição musical portuguesa”, cantam os quatro cantos do mundo como se nada fosse. E, ainda assim, apesar da distância percorrida, tudo soa familiar, tudo é vizinhança. Uma epifania musicada que ilustra uma escrita sem par: Fausto está presente, à nossa frente, mas tudo parece funcionar como se aquele fosse um enorme livro cantado, um poema épico que nasceu com as pautas e as claves no lugar certo.

Há espaço para psicadelismo popular (que só deve existir neste canto repleto de criatividade), ritmos que fazem o norte-sul em poucos minutos e a certeza de que canções como "Por Este Rio Acima" ou "Navegar Navegar" estão entre as melhores da história do cancioneiro português. José Mário Branco foi director musical para escrever “bom gosto” sob os arranjos e a noite foi a certa para explicar como a obra de Fausto é e promete continuar a ser influência fundamental junto de todos quantos por aqui se vão desdobrando em composições e trovas.

Tiago Pereira - "Ionline"
20 Junho 2010


Majestoso, o barco de Fausto vem de chegada.

Mês e meio passados sobre um outro concerto de programa (o encerramento do ciclo Música e Revolução, a 1 de Maio, que encheu e fez vibrar a Casa da Música no Porto), Fausto Bordalo Dias respondeu com uma noite memorável de música e sonhos ao desafio que o CCB lhe lançou na “carta branca” de 2010: encenar, em estreia absoluta, a Trilogia que há três décadas ele vem construindo em torno das descobertas portuguesas.

Assim, o barco que ia de saída há 28 anos em “Por Este Rio Acima” vem agora de chegada, majestoso, sem fronteiras claras entre princípio e fim, até porque não há um fim claro nesta história, Fausto já o disse, as descobertas nunca acabam. Nem a guerra, nem o amor, nem a vã cobiça. E foi deste modo que, de sala cheia, o CCB ouviu ecoar entre as paredes do seu auditório sete canções que nunca antes tinham sido tocadas em palco mais uma, que na voz de Ana Moura já conquistou as graças do público: “E fomos pela água do rio”, “Velas e navios sobre as águas”, “E viemos nascidos do mar”, “Nos palmares das baías”, “Fascínio e sedução”, “À luz mais frágil das auroras”, “À sombra das ciladas”, todas na sequência que terão no futuro disco, serão as primeiras sete, e, num salto mais para a frente (será a décima), “Por altas terras de montanhas”.

Quem olhou o programa da sala, tinha lá tudo: a ideia do desafio, a lista dos músicos, o alinhamento do espectáculo e as letras das 22 canções apresentadas, bem como excertos dos livros de viagens que as inspiraram. Menos a música, claro. E foi esta que, ali posta a nu, desvendou a consistência e rigor desta nova proposta que há-de suceder às obras-primas absolutas “Por Este Rio Acima” (1982) e “Crónicas da Terra Ardente” (1994).

As terras são de África, os sons não. Porque a visão é a dos descobridores e o seu olhar só podia, assim, ser envolto em harmonias e ritmos portugueses. Por isso, ouvido o marulhar das águas em “off”, no início do espectáculo, na música de “E fomos pela água do rio”, uma bela balada, sente-se o encantamento que as palavras contêm: “a maré foi de rosas”, “o meu corpo suado/ embalado/ flutua e descansa”. Tal como se sente a sensualidade quente de “Fascínio e sedução”, sublinhada pela forma única como Fausto afaga as palavras: “Gira gira como um pião/ treme como a seda/ pela palma da mão”.

Do mesmo modo se sente o fragor da guerra no tropel rítmico, quase ofegante, de “À sombra das ciladas” (“estilhaçam ossos/ cuspindo sangue/ e vomitam almas penadas (…) imaculados sejam/ também/ e repousem em santa paz/ amén”). Ou a penosa mas inebriante viagem de “Por altas terras de montanhas”, sublinhada num troar dos adufes a que se juntou, por uma única vez em todo o espectáculo, o responsável pela direcção musical: “o meu querido amigo José Mário Branco”, como Fausto o apresentou.

O resto do espectáculo foi, já não de descoberta mas de reencontro. Mal se ouviram os tambores de “Ao som do mar e do vento”, vieram as palmas. Que se repetiriam muitas vezes, aos primeiros acordes de cada canção ou no final, reforçadas; ou ainda a marcar ritmos entranhados de tal modo na maneira de ser portuguesa que se torna irresistível para muita gente acompanhá-los, sejam os da chula ou os do corridinho, que Fausto tem feito questão de recuperar da forma mais nobre e contemporânea, sem concessões. Foi isso, aliás, que se verificou no “intervalo” instrumental, quando João Ferreira e Mário João Santos ensaiaram na percussão e bateria um “duelo” em improviso. A dada altura, as palmas cadenciadas encalharam no ritmo da chula e continuaram assim, por sugestão dos músicos, em “loop” físico, enquanto eles criavam por cima outras malhas rítmicas.

A fase “Por Este Rio Acima” foi, por fim, toda ela de exaltação colectiva, como seria de esperar. A começar no tema que dá título ao disco e a acabar n’“O barco vai de saída”, com uma ligeira alteração no alinhamento: “Olha o fado” antecedeu “Lembra-me um sonho lindo” e não o contrário, como estava escrito. Nada que interrompesse a fluente narrativa fílmica destas viagens, com tantos ecos de tantas eras. A insistência da plateia forçou um “encore”, único, já com muitas vozes a gritar títulos de canções, a tentar a sorte. Ouviu-se uma, contagiante como sempre: “Navegar, navegar”. Ela própria, neste contexto, também um programa. Porque a navegação continua e a história também. O barco ainda não atracou.

NOTA: A recriar esta viagem em 22 canções estiveram no palco, com Fausto (voz e guitarra), músicos que têm dado o seu melhor em muitos espectáculos para que o som que ouvimos reproduza inesquecíveis travessias: João Maló (guitarra), Miguel Fevereiro (guitarra), Filipe Raposo (piano), Enzo d’Aversa (teclados, acordeão), Vitor Milhanas (baixo), João Ferreira (percussões) e Mário João Santos (bateria). Os arranjos e direcção musical do espectáculo foram feitos, a pedido de Fausto, por José Mário Branco, como resultado imediato da aventura musical que juntou ambos a Sérgio Godinho no projecto “Três Cantos” (gravado em CD e DVD), em Novembro de 2009.

Nuno Pacheco - Jornal "Público"
20 Junho de 2010

Fausto no CCB - 2010

Fausto no CCB - 2010

Reza a inciclopédia, austera e definitiva:

“Na astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante o seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano. O dia e hora exactos variam de um ano para o outro. Quando ocorre o Verão, significa que a duração do dia é a mais longa do ano.” É em vésperas de solstício que Fausto Bordalo Dias volta a tomar assento numa sala que fez sua já noutro século. Era Abril – sem acaso – quando aqui mesmo mostrou como era enorme a Viagem que nos propunha. Agora é Junho (não é coincidência), luminoso e cálido, bênção da Natureza, mês que resiste aos frios interiores que as nossas vidas foram assimilando, doentes e descrentes por culpa das promessas que o porvir se esqueceu, até agora, de cumprir. Valha-nos Junho. Valha-nos Fausto, cuja memória talentosa, cujo talento memorável nos relembra que, mesmo em tempos de esplendores e domínios longínquos, nós fomos sempre fonte de contradições, de improvisos, de ganâncias, mas também de sonhos e de cumplicidades, de ingenuidades e de inquietação. É isso mesmo: valha-nos este homem que nos lê e fixa, tão iguais ontem como agora. Que nos canta contos que são nossos, mas que só ele parace saber de cor.

Em dois capítulos, escritos a sangue e ambição, épicos mas redimensionados para que o homem comum não se sinta esconjurado por grandezas que lhe escapam, Fausto assumiu o papel de cantor da Diáspora. Se fosse apenas Poesia, rimaria com “metáfora”. Se fosse linearmente geométrica, montaria verso com “facínora” ou com “espora”. Se fosse somente o passado de Nação a que Deus ou os donos nos conduziram – ou nos seduziram? -, tornaria legítimo o uso concordante de “outrora”. Nada disso: a Diáspora de Fausto é a que ainda vivemos “agora”, por mais cambiantes que se vislumbrem no guarda-roupa, por mais febril que seja o actual mergulho nos efeitos especiais, por mais avassaladoras se sintam as trucagens, por mais empolgante e enganadora se pressinta a propaganda. Aos poucos, com arquitectura rendilhada mas honesta, transversal ao tempo mas bem fundada nos modelos musicais desta terra que parece servir-nos de emblema e maldição, de orgulho e asfixia, a sua casa ganha forma na justa medida em que distribuiu o conteúdo. Esta peregrinação particular começou há 28 anos – foi “Por Este Rio Acima”, quando a Europa ainda não tinha tomado posse. Continuou uma dúzia de anos depois, desenhando “Crónicas da Terra Ardente”, marcadas a ferro e a Fé na nossa pele. Chegou a hora de seguir Viagem.

Quem estiver a ler estas notas já saberá, com grande probabilidade, que faz parte de um núcleo de privilegiados. Afinal, que outra designação poderá oferecer-se aos que se sentiram convocados para serem testemunhas, oculares e auditivas, da estreia de nada menos de oito canções inéditas de Fausto Bordalo Dias, parte integrante do disco que completa a trilogia da Diáspora e que não tem ainda existência física, embora já tenha lugar reservado no cume das nossas expectativas? Homem de palavra e também homem da Palavra, Fausto cumpre o que prometeu, sabendo que o seu ritmo de respiração não se compadece com contratos a prazo, mas tão só com o trabalho, a inspiração, o esculpir de cada canção. Sempre um valor acrescentado em si mesmo, mas também peça fundamental para que a história corra sem outros sobressaltos que não os do próprio enredo. Há-de levar-nos aos perfumes, à paleta à imensidão de África, onde tantas vezes quisemos adivinhar lezírias ou socalcos. Fixemo-nos nos títulos que aqui vão ser desvendados: “E Fomos pela Água do Rio”, Fascínio e Sedução”, “À Luz Mais Frágil das Auroras”, “À Sombra das Ciladas”, “Por Altas Serras das Montanhas”. É todo um programa.

Para que o roteiro fique completo, estão garantidas as escalas necessárias nos episódios anteriores. Todos juntos, vamos mostrar-nos, de novo, como as nossas travessias não acabam nunca, enquanto houver memória, sentimento e juízo crítico. Por este rio acima e Crónicas da terra ardente respondem à chamada do criador que quer reunir o individual ao colectivo, a aventura à desgraça, a conquista ao desleixo, o altivo ao mesquinho, o sagrado ao profano, o sublime ao vergonhoso. De tudo isto se faz uma história tão única como único é o nosso cicerone deste serão: conhecedor, sensível, atento, capaz do realismo como da fantasia. Fausto Bordalo Dias é o melhor dos guias que podíamos seguir – porque é tudo menos “turístico”, leviano e efémero. Já se adivinha o desfecho: se o Centro Cultural de Belém quis dar-lhe “carta branca”, Fausto encarregou-se de preencher o vazio com canções que valem como espelhos, telescópios virados ao céu eterno, microscópios que não deixam passar despercebido o mais íntimo dos pormenores. Da “carta branca” fez uma “carta de marear”, onde cabem Portugal inteiro e mais todos os portos onde puseram pé. Talvez por isso apetece dizer que o solstício é mesmo hoje. É mesmo agora. Porque este dia vai ficar, longo e brilhante. Único. Boa Viagem, outra vez.

João Gobern – Junho 2010


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